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Bebê Reborn – quando a coleção vira piração

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Com detalhes minuciosos, como veias aparentes, peso corporal semelhante ao de um bebê verdadeiro e roupas personalizadas, essas peças são frequentemente vistas como obras de arte. No entanto, apesar de sua função estética e até terapêutica em alguns casos, há situações em que o vínculo com o reborn ultrapassa o limite do saudável, suscitando debates sobre suas implicações emocionais e sociais.

A princípio, colecionar bebês reborn parecia um hobby como outro qualquer. Muitas pessoas apreciam a técnica envolvida, a delicadeza dos detalhes e o valor artístico da criação. Outros enxergam nos bonecos uma forma de lidar com a perda, a solidão ou questões afetivas profundas. Em alguns contextos, como no acompanhamento de idosos com demência ou no apoio a pessoas enlutadas, o reborn pode ser usado com supervisão terapêutica, contribuindo positivamente para o bem-estar emocional.

Entretanto, virou febre, e em pouco tempo  o reborn deixou de ser um objeto simbólico para ocupar o lugar de uma presença real. Trocas de fraldas, criação de quartos temáticos, passeios em carrinhos pelas ruas e alimentação simulada tomaram conta das redes sociais indicando um apego que ultrapassa o simbólico e aponta para uma substituição emocional. Quando não há acompanhamento psicológico, essa relação pode impedir o enfrentamento de dores reais ou mesmo reforçar o isolamento social.

O excesso de exposição nas redes sociais — com vídeos de “rotinas maternas” com bonecos — gera questionamentos. Crianças e adolescentes que acompanham esse tipo de conteúdo podem não ter maturidade para distinguir fantasia de realidade, o que pode impactar sua percepção de afeto, família e maternidade.

O bebê reborn, como peça de arte ou objeto de afeto simbólico, pode ter valor emocional e estético legítimo. No entanto, é fundamental reconhecer quando o envolvimento deixa de ser saudável e começa a mascarar dificuldades emocionais mais profundas. O equilíbrio entre o encantamento e o bom senso é essencial para que essa forma de expressão continue sendo admirada — sem substituir o que é insubstituível: o vínculo humano real.

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