1

Cores, humores e moda em 2021

Vamos desafiar a lógica e falar de visual e cores – pelo menos para começar o ano e tentar virar a página…   De verdade, acho que teremos que virar ainda várias páginas até chegar na história que queremos ler e viver, mas não custa tentar um respiro enquanto folheamos o presente, para nos distrair das misérias humanas e mundanas.

Sustentável mais do que nunca – a indústria da moda já vinha dando sinais de que era preciso acompanhar o sentimento de urgência e preservação do mundo e há algum tempo praticava o upcycling” em seus produtos.

Ostentação e excessos – tanto em materiais quanto em preços começaram a se malvistos e cada vez menos praticados. As já começam a colocar nas prateleiras produtos feitos com seus estoques de matéria prima aproveitando até o último fiapo de trama.

Como refletir o momento? – acostumada a se expressar através de shows de desfiles, semanas de encontros de moda em 2020 a indústria viu-se diante do cancelamento de todas essas vitrines de oportunidades e venda.

Como interpretar os desejos e sonhos da humanidade agora confinada em suas casas, limitada a viagens essenciais e curtas?  A Pantone, mais do que depressa lançou as cores “Illuminating Yellow amarelo claro para nos dar alegria, remeter a ouro e literalmente nos iluminar e “Ultimate Gray, cinza robusto e sóbrio para que lembremos que não dá pra brincar ainda.

Os fashionistas foram rápidos em inventar nomes para as peças que predominaram e que continuarão em alta no próximo ano: nossa roupa de ficar em casa foi promovida a “loungewear – já conhecida, mas pouco familiar por aqui.  Os mais descolados usam o termo roupa Comfy”, que em inglês equivale a “gostosinha”. E os entendidos torcem o nariz para tudo: dizem que a gente não se veste para a solicitude e sim para aparecer. No que discordo ou melhor, concordo apenas em parte.

O que vestimos, reflete sim, o momento. E, como temos vivido mais dentro de casa, com muito menos oportunidades de nos exibir, é natural priorizar o que nos veste para nos acolher melhor em nosso próprio ambiente. Tanto no que diz respeito a conforto, mas também com uma nova estética – muito mais razoável do que saltos finíssimos ou altos e outros detalhes que hoje dispensamos sem nem levar em conta.

 

Mas há outra razão para se vestir nesse momento: é preciso fazê-lo, não para nos exibirmos, mas sim, para encarar o dia, as notícias e dilemas – nessa nova era, não é possível conciliar o sonho e glamur com perdas e luto: queremos algo que nos represente de verdade, para dar identidade visual não apenas a nossa alma mas, para que nos reconheçamos no espelho – fragilizados sobreviventes – nesse momento de aflição




Como fazer palavras valerem mais

 

Nesse ano que inicia um novo ciclo pensei em compartilhar certas palavras que podemos pensar em usar, exercitar e valorizar.

OK, nem sempre  você concordará comigo mas cada um pode ter a sua própria lista de palavras que queira valorizar ou deletar de seu dia a dia…

Palavras que deveríamos priorizar: tolerância, democracia e discussão. Lindas como conceito, mas no último ano foram vilipendiadas. Aliás a palavra “discussão” hoje está mais ligada a barracos, desafetos e rupturas familiares e entre amigos do que a saudável e democrática discussão entre grupos com troca de ideias e sugestões.

É fato: o clima tenso das eleições acabou contaminando o dia a dia e as relações entre as pessoas, se não para sempre, por um bom tempo e, reverter isso demanda uma boa dose de atenção e boa vontade.

A “tolerância” no ano que passou ficou ao largo. É como se as pessoas, por não suportarem mais a conivência de partidos e de alguns políticos do mal, com tantos malfeitos revelados e provados, agora quisessem provar que o ”basta” era pra valer – e acabaram não deixando passar mais nada …

Acho justo. Mas com isso muita gente confundiu conceitos e acabava por lançar certas palavras como xingamentos – o que definitivamente exacerbou mais ainda os ânimos.

Palavras a se evitar – esquerda, direita, mercado e golpe. 4 palavras que, da forma como vem sendo usadas, perderam o sentido. Ficaram velhas como conceito e ninguém mais entende o que significam exatamente.

Antes de proferi-las, talvez fosse interessante uma imersão em livros de história – com a mente bem aberta para fazer as devidas comparações e perceber o que de fato significam e seu potencial para afetar nossas vidas de fato…

Palavras para usar como mantras – foco, coerência sustentabilidade e comunidade. Pense no que significa – porque foco e coerência são essenciais para fortalecer o elo das correntes que sustentarão nossos vínculos mais caros.

Sustentabilidade – está diretamente ligada a saúde de qualquer comunidade – e ultimamente estamos nos esquecendo que vivemos em comunidades – sejam quais e como forem suas estruturas e hierarquia. Aqui, não basta pensar:é preciso entender e praticar muito e sempre em todo o lugar…

Pode parecer bobagem, mas palavras são importantíssimas e, mal colocadas podem resultar em ações desastrosas, feridas incuráveis ou mesmo mágoas perenes. E nesse momento, não precisamos de nada disso, certo?