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Vamos ajudar! Mais e melhor – é possível e necessário

Seria trágico em qualquer país, mas, no nosso, desigual, sem liderança e pior : com um pseudo líder ególatra e que insiste em causar e dar mau exemplo todos os dias, estamos a mercê apenas de nós mesmo e do nosso bom senso…Toda vez que o Presidente vai a público contrariar as recomendações da Organização Mundial da Saúde e colocar-se contra o isolamento da população para defender a economia, deixa claro que vidas pobres não importam….

E quem ajuda? Essa mesma a população, juntamente com as ONGs claro! Estão correndo atrás de todas as maneiras  para ajudar. As ONGs têm o know how (conjunto de conhecimentos técnicos e práticos), legitimidade, capacidade para receber e distribuir doações e entregar para quem precisa.

Muitas delas, atuam em comunidades de baixa renda, onde – penso – agora são os locais mais atingidos pela pandemia: com escolas, comércios e serviços fechados.

Sim, estamos na fase de flexibilização e poderemos sair e trabalhar para ganhar nosso dinheiro. Mas, não se iluda ainda  existirão muitos que  precisarão de nossa ajuda.

Quando vi 3 caminhões cheios de uma ONG descarregando brinquedos e agasalhos em Heliópolis (criança também precisa se distrair para tentar convencê-las a ficar em pequenos espaços certo?) meu coração cético se acalmou um pouco…

Vale lembrar que: qualquer quantia faz a diferença! E também… não é só dinheiro que é importante nesse momento, podemos fazer muuuuuuuito tendo compaixão com nossos vizinhos – ajudando do jeito que der!




Desabafo de Madame

Foi perto dos 40 anos que percebi que era inútil negar que era madame. Afinal, ser Madame não é necessariamente ruim, certo? Com a pandemia, algumas pessoas nas redes sociais voltaram a me chamar de Madame (principalmente quando me manifesto contra o presidente, como se seus apoiadores fossem todos descamisados).

Acredito que “nascidas no privilégio”, tem obrigação de cultivar e desenvolver melhor a responsabilidade social. Por isso, não me envergonho de ser Madame.

Assim que foi declarada a quarentena, dispensei minha funcionária com salário integral pago, claro. Sou Madame.

Me encantei em dar conta de todo o serviço da casa e até mesmo estabelecer uma nova rotina onde não me entediava – não dá tempo. Madame com a barriga no tanque pensava em ajustar seu conteúdo de cursos para o novo normal – e com isso já se foram 3 meses. Madame está meio falida (como tanta gente) mas aguentando…

Pertencendo ao grupo de risco e com uma mãe de 90 anos. Não me atrevi a ir distribuir máscaras e cestas básicas em Heliópolis. Participei ativamente de uma ação que, entre outras coisas arrecadou mais e levou mais de 5.000 cestas e 10.000 máscaras para nossa maior comunidade em Sampa.

 

Da janela – já fiz muito minha parte em manifestações quando jovem, hoje faço isso através da minha profissão e em minhas mídias. Massss… assisto de camarote, como boa Madame, a todas – TODAS as manifestações das ruas uma vez que minha janela está a apenas 50 metros da avenida Paulista, onde acontecem.

Isso me deu uma percepção bastante apurada do perfil e caráter dos manifestantes/atos – sejam eles de qual ideologia forem. Percebemos pelo tom de voz, a cor das camisetas, os slogans gritados, número de participantes e tempo de duração dos atos.

No último ato, a favor das Vidas Negras, espelhado nas manifestações ocorridas nos EUA constatei o seguinte: enquanto nos EUA e no mundo as manifestações foram imensas e com muitas pessoas brancas – algumas até em maioria – aqui havia poucos brancos e os atos forram muito menores…

O Brasil foi o país que mais importou pessoas escravizadas da Africa: entre o descobrimento em 1500 e a lei Áurea, importamos mais de 4,9 milhões de escravos no infame comércio transatlântico da época.

A pouca adesão de brancos aos atos foi porque está tudo azul no País tropical ou por que a elite branca não está nem aí para a causa? Madame aqui está perplexa.