O equívoco do bege e do estilo como estratégia
Cores tem esse poder de dominar a moda e depois as passarelas, ruas e ambientes como se, ao usá-las, podemos transformar nossa imagem e a vida magicamente. Já foi assim nos anos 70/80: com o preto e depois nos 90/ 2000 com o branco e off white.
Agora é a vez dos looks discretos, que remetem à sofisticação silenciosa de quem “não precisa provar nada”. Mas atenção: não caia na armadilha de achar que vestir-se como uma herdeira europeia vai automaticamente construir uma marca pessoal forte tornando-a poderosa em pouco tempo. Não vai.
A verdade é que o problema não está no bege. O problema é acreditar que usar bege, por si só, comunica autoridade, influência ou singularidade.
Marca pessoal é identidade em ação. Não depende apenas da imagem que você projeta, mas da coerência entre quem você é, como se expressa e os valores que transmite. E isso exige antes de mais nada um profundo auto conhecimento. E clareza de propósito, intenção na comunicação e consistência nas escolhas.
Como se vê, não se trata de vestir um arquétipo — mas de viver a própria verdade com estratégia.
Bege pode funcionar, claro. Mas só se fizer sentido dentro do seu repertório, do seu estilo de vida, da mensagem que você quer passar. Porque no fim, o que diferencia uma marca pessoal potente de uma imagem genérica é autenticidade alinhada com propósito.
“Old money” é contexto de vida — não uma estética copiável. “Quiet luxury” é consequência de patrimônio — não uma fórmula de branding. É preciso ir além da superfície para criar uma presença marcante e memorável. Uma pessoa pode ter uma imagem discreta, firme e consistente vestindo cores vibrantes, claras ou escuras. Depende de postura, discurso e ações concretas. Se esse conjunto for conduzido com elegância e discrição, estará dentro do conceito de Quiet Luxury – sem necessariamente usar o famoso bege…
Roupa, a gente troca. Estilo, a gente adapta. Mas identidade é o que sustenta qualquer marca pessoal real e duradoura. Em um mundo de imagens repetidas, é a clareza de quem você é que vai fazer as pessoas lembrarem. E confiarem. Lembre disso e entregue-se ao exercício do auto conhecimento com determinação e sinceridade.