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Quando aceitar – ou não – uma gentileza

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A mãe de minha amiga, uma senhora espanhola que sabia das coisas, sempre orientava os filhos nesse sentido da seguinte forma:

Ela dizia que, se a pessoa oferece por exemplo um café – você não precisa aceitar. Ou uma água, refresco e até mesmo docinhos ou uma refeição.

Já, se ela chega com a bandeja de café já montada e o café fumegando (ou a jarra com copos e um refresco) você não pode recusar.

Afinal, a pessoa se deu ao trabalho de preparar aquilo para você – e seria indelicado nem experimentar.

Parece uma simples nuance – mas faz toda a diferença, pois muitas vezes achamos que estamos sendo gentis e não queremos dar trabalho mas, na verdade, estamos frustrando uma expectativa de alguém que se empenhou para agradar e pode achar que é pouco caso da nossa parte.

Pois é: para não errar sem querer e magoar o outro sem necessidade,  basta prestar atenção e atentar para esse detalhe sempre que alguém for gentil com você.




Melhor ser balão que alfinete

Nós somos gentis conosco mesmo? Para entender a melhor essa importante qualidade, podemos começar fazendo essa pergunta – primordial para desenvolver nosso pensamento sobre o assunto: o quanto nós somos gentis em nosso relacionamento intrapessoal (aquele em que somos nós e nós)…

É preciso esclarecer que ser gentil conosco, não é “passar o pano” para nossas palavras e atitudes. E sim, cuidar de nós mesmos, com carinho, compreensão, coragem e vontade de melhorar, crescer, nos tornarmos cada vez mais ‘do bem’.

Não é papo de almanaque: arrisco afirmar que apenas sendo gentis primeiro conosco, conseguiremos ser naturalmente gentis com os demais.


Ser gentil com o outro
– envolve tantas percepções, cuidados e delicadezas… Além de ser um exercício agradável depois que nos acostumamos a ele: é preciso sempre estar atentos para as condições em que o outro se encontra. Isso envolve percepção ligada e sensibilidade…

Quando conquistamos a capacidade de calçar o sapato do outro (a tão usada, mas menos praticada empatia), automaticamente passamos a ser mais e generosos com nossos interlocutores. Provocando, sem perceber, uma onda de gratidão e bons sentimentos.

Receita da gentileza – cautela e generosidade como base, claro. Um toque de humor e leveza, a capacidade de rir de si próprio (ajuda muito) e, finalmente, uma boa dose de flexibilidade (ou jogo de cintura) que facilitam qualquer relação. Ingredientes que apreciamos imensamente nos outros e que, por custar pouco, embora sejam raros, devemos usar em cada pequeno gesto cotidiano e não apenas (forçadamente) em ocasiões especiais.

Acredite: ser gentil na conjuntura em que vivemos, nos torna especiais e valiosos. Sabe por quê? Segundo a professora Astrid  Bodstein, de Cuiabá, que inspirou esse texto, é porque hoje somos  “balões cheios de sentimentos, rodeados de alfinetes”

A imagem é perfeita! Infelizmente, há muito mais pessoas querendo nos espetar/machucar, do que nos abraçar empaticamente com carinho verdadeiro e altruísta. Exemplo prático deste contexto: se puder deixar de comentar algo que não vai acrescentar nada para o outro, ou pior ainda, algo que talvez vá machucar, cale-se. Abstenha-se. Essa deve ser a nossa escolha amorosa.

Para todos – Muitas vezes vemos pessoas supersimples, rústicas mesmo, com gestos de extrema delicadeza – elas nos surpreendem – mas é que já nasceram com o instinto do quanto se pode alcançar mais conquistar boa vontade dos outros apenas pela gentileza…

Pois é: gentileza é como a água na natureza: está ao alcance de todos, mas a palavra-chave é “cuidados”. Aguce sua percepção, incorpore aos poucos palavras e atitudes gentis. E repare como a vida fica muito mais leve quando somos gentis!!! E voltando a imagem do balão: prefiro ser balão, pois além de ninguém gostar de alfinetes, tendemos a usar os mesmos para tarefas provisórias e imediatamente guardá-los isolados, em caixas seguras pois ninguém quer ficar perto deles.