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Nossa Senhora Aparecida, Fé e agradecimento.

 

Sobre um fundo de galhos secos marrons está pendurado um terço com contas de pérolas brancas e pequenas com uma pedra sobre o crucifixo em outro delicadamente trabalhado. O material delicado do terço contrasta com o fundo escuro e rústico dos galhos secos.

Terço em pérolas de Guto Koech

A Fé da qual falo aqui não pertence a nenhuma religião – mas sim, a toda a humanidade. Assim como o Deus de todas as religiões é um Deus atemporal que se fortalece a medida em que crescer cada vez mais dentro de cada um de nós.

Afinal não é precisa frequentar a Igreja assiduamente para ter fé. Assim como tantos que frequentam Igrejas e Templos, muitas vezes mostram-se pequenos e mesquinhos até mesmo com relação a família e/ou amigos que deveriam tratar bem.

No dia em em que se festeja Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, não pretendo ditar regras ou discutir a Fé em profundidade até porque não me sinto capaz de faze-la. Apenas propor uma reflexão, um gesto de humildade e muito agradecimento.

Imagem da Nossa Senhora Aparecida, pintura de Djanira, onde temos no fundo muitas folhas verdes com rosas vermelhas espalhadas ao centro a imagem da santa com seu manto azul com muitos detalhes em amarelo, abaixo vários rostos de anjinhos com asas

Pintura de Djanira




2020: e Motivos para Agradecer

Ok,  esse ano que passou  foi um ano especialmente cheio de manchetes alarmantes – e declarações e vazamentos  ( literalmente na natureza) idem.

De modo que vale refletir sobre isso: vamos segurar a paixão pela política e o gosto por polarizar – que parece ter contagiado a Nação – e focar no que pode nos beneficiar de fato: agradecer e cultivar bênçãos.

Não é papo Zen– embora desconfie de quem ri `a toa, acho infinitamente pior aquelas pessoas para quem nada está bom. Nunca. E que para parecerem inteligentes descontroem tudo: Fernanda Montenegro é péssima atriz, Grazi Mazzafera está magra demais, Vera Fischer é feia e por aí vai… Conheço váaaaarias assim,  pessoas solitárias  e infelizes – pois ninguém aguenta muito tempo tanta amargura

Depoimento pessoal – há cerca de dois anos estava passando um momento prá lá de difícil, cheio de mágoa e desesperança. Em um dia de especial agonia, recebi de uma amiga médica (e nada afeita a fantasias) um texto sobre gratidão que me convenceu a executar uma espécie de lição de casa: anotar ao final do dia pelo menos 3 motivos por estar grata. Pequenas alegrias do cotidiano, nada de grandioso. E, claro também as grandes – por que não?

Com nada a perder (e como mantenho um imenso caderno na mesa de cabeceira para anotar ideias e pautas), comecei a fazer isso – mais para ver no que dava.  Em uma vez iniciada a lista, mais de uma vez, as bençãos eram muito mais de 3, ou 5 ou … E, apenas o fato de pensar sobre elas me deixava mais alentada, organizava os sentimentos e acalmava a aflição.

Ao final de um mês a tarefa terminava – e a orientação é que se lesse todo o conteúdo compilado.  E aquela altura percebi que minha imensa agonia estava o caminho do fim – e o que restava dela, fugia diante daquela leitura cheia de genuíno agradecimento.

Pois  comece seu ano agradecendo. Você certamente tem pelo menos 1 motivo para isso. E principalmente, reflita sobre ele (ou eles). Pense em como cultivar, aumentar e tornar perene essa Graça.

Desvie o pensamento de tudo o que possa te puxar para baixo pois a ciência (e Dirce, minha amiga médica) estão aí para mostrar e provar que a Gratidão tem alguns efeitos colaterais extremamente desejáveis:

Fortalece a imunologia – é isso aí. O sentimento acaba diminuindo a pressão arterial, acalma e melhora o sono

Disposição ao acordar – senti isso e nunca mais fiquei prostrada como acontecia. Há dias melhores e piores com mais ou menos preguiça, mas a energia e vitalidade aumentam de verdade. Com isso nossas emoções parecem mais brilhantes, coloridas, intensas e… positivas claro.

Otimismo e felicidade – não é mágica claro, mas, a sensação de alegria e prazer acabam por melhorar nosso desempenho social e profissional encerrando assim um círculo virtuoso que nos traz outros e inesperados benefícios.

Garanto que é infinitamente melhor do que fazer listas de tarefas e projetos que vamos adiando ano a ano com essa ou aquela desculpa. Acredite, eles acontecem com muito mais facilidade no momento certo, quando estamos  imbuídos de Gratidão e boas vibes. E viva 2020 !!




Arrogância e Fé

O prêmio era na área médica e, logo de cara  subiu ao palco para o discurso de abertura o DR. X – tão brilhante quanto vaidoso – que proferiu uma fala eloquente onde percebia-se uma certa arrogância.

Antes de receber o referido prêmio, fez questão de reiterar que realmente se dedicava muito a profissão, que era muito persistente e encerrou afirmando de maneira bombástica que desafiava a Deus diariamente –  pois não aceitava a morte.

Aplausos entusiasmados, com o prêmio nas mãos ele deixou o palco e a noite continuou. Até que o último homenageado –  e mais importante – o Dr Z subiu para receber sua honraria.

E o fez vagarosamente, por ser tímido e bastante idoso.  Começou seu discurso em voz baixa porém firme. E surpreendeu dizendo que não se sentia a vontade para receber aquela homenagem – pois na verdade  era apenas uma ferramenta de Deus, a quem deveriam todos lembrar e elevar uma prece, uma vez que Ele o usava como médico apenas  para conseguir seus desígnios.

E  a ele, como homem de fé,  cabia apenas obedecer e seguir a serviço da vida.

Carla conta que naquele momento a comunidade médica  se calou por um longo minuto,  em reverente silêncio, antes de explodir em um aplauso emocionado.

Duas pessoas com a mesma profissão, compartilhando a mesma homenagem e com  uma postura tão completamente diferente! ALama Michel Rimpoche, monge budista, jovem, magro, cabelos raspados, sentado na posição de seiza, medita num templo florido, usando os mantos marsala, simbolos desta religião. Está de olhos fechados. diferença entre a arrogância e a humildade baseada na fé verdadeira.




Maysa – e recados do além

Maysa-cantora-4

Lembro de meu choque e tristeza ao receber a notícia de sua morte na ponte Rio – Niterói, vítima de uma acidente de carro – que em janeiro passado completou quarenta anos.

A primeira coincidência – poucos anos depois, já apresentando um programa na TV Cultura, soube que entrevistaria para um especial sobre Maysa, Jayme Monjardim, seu filho que, apesar de ser meu primo, eu não conhecia pessoalmente.

Mas, na véspera do programa, ele avisou que não poderia vir devido a uma mudança de escala na Rede Globo – onde já trabalhava.

Passei acompanhar a distância sua carreira – que só nos presenteava com belezas.

E em 1987, ao decidir a capa de meu primeiro e único LP coloquei na contracapa um recorte dos meus olhos em homenagem a Maysa – cujos olhos verdes eram sua marca registrada.

Deu sorte: ganhei com esse trabalho o Prêmio Sharp de Música – do qual muito me orgulho.

 A segunda coincidência – já na TV Gazeta, anos depois mais coube a mim entrevistar Jayme em outro especial – desta vez sobre cinema e ele vinha como diretor. E eis que no dia o aeroporto do Rio fechou devido a um dilúvio e ele não embarcou.

Hoje, além de Jayme, também torço e aplaudo Jayminho Matarazzo, seu filho – que encanta minha filha com seu rosto de herói romântico.

Blog-Maysa-Jayme-Jayminho

 

Melhor não insistir – recentemente uma prima nossa deu uma grande festa para todos os Matarazzo – e dessa vez, fui eu a convocada de última hora pela Rede Globo – e perdi a oportunidade de encontrar Jayme, sua mulher Tânia Mara e a filha Maysinha.

Supersticiosa, comentei que até parecia um sinal …

Tá achando esse lance de sinal do além um papo de louco? Pois então vejam o relato da jornalista Vera Leon em sua coluna da Tribuna de Santos sobre Jayme, Maysa e recados do além: ainda rapazinho e pouco tempo depois da morte de sua mãe, Jayme dirigia em alta velocidade a caminho do interior de São Paulo.

 

Maysa-policial-rodoviarioAo ser parado pelo policial rodoviário, apresentou sua carteira de motorista e se surpreendeu ao ver o policial se afastar e voltar com os olhos marejados.

Aliviado por ter sido liberado, perguntou se o homem estava bem. E ouviu a seguinte resposta: “meu filho estou bem. Mas nunca mais dirija assim. Sua mãe morreu nos meus braços”.

 

Quem é mãe (e filho) sabe que isso existe.

PS – desisti (quase) de conhecer os Jaymes ao vivo. Com o Instagram,  trocamos mensagens e beijinhos. Inclusive para Maysinha.