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Oversharing – riscos dos excessos para sua imagem pessoal

Existe uma linha tênue entre dividir momentos e escancarar a intimidade. É aí que entra o conceito de oversharing — o excesso de exposição pessoal online, que pode comprometer não apenas a privacidade, mas também a reputação e a imagem profissional.

Oversharing acontece quando alguém publica, com frequência ou sem filtro, detalhes íntimos da vida pessoal, pensamentos impulsivos, desabafos, questões familiares ou emocionais. Embora a internet ofereça um espaço de expressão e conexão, ela também tem memória permanente e audiência imprevisível. Uma postagem feita no calor da emoção pode, em poucos segundos, alcançar colegas de trabalho, recrutadores, clientes ou parceiros — e nem sempre da maneira desejada.

A imagem pessoal nas redes é uma extensão da presença social de cada indivíduo. E, assim como cuidamos da forma como nos apresentamos ao vivo, devemos zelar pela coerência e intenção do que mostramos digitalmente. Isso não significa ser falso ou construir uma versão idealizada de si, mas sim adotar consciência comunicativa: pensar antes de postar, avaliar o impacto, mas, principalmente,  refletir sobre a necessidade de compartilhar determinada informação. Respirar (e questionar-se) antes de postar…

Para preservar a imagem pessoal nas redes, é importante estabelecer limites. Separar o que é íntimo do que é público, selecionar com cuidado as pautas que se deseja abordar e manter consistência com os valores que se quer comunicar. Ter um perfil autêntico não exige exposição extrema. Pelo contrário, muitas vezes, é a discrição que fortalece a credibilidade.

Compartilhar é uma escolha — e como toda escolha, traz consequências. O oversharing pode gerar empatia momentânea, mas também pode minar relações, fechar portas e enfraquecer a percepção de profissionalismo. Cuidar da própria imagem é, antes de tudo, um exercício de responsabilidade e autoconsciência. Afinal, quem fala demais, entrega mais do que gostaria. E, nas redes, tudo o que se publica pode — e será — interpretado.




Belezas Ocultas – como fazer para encontrar

Silhueta de uma mulher adulta e curvilínea agachada no escuro com apenas uma fresta de luz delineando a lateral das nádegas, coxas, ombro o braços. A impressão é de leveza e mistério uma vez que não se enxerga o rosto e apenas partes do corpo bem feito desenhado pela luz.

Pelo menos não de cara. Feios, desajeitados e os fora de padrão tem que esperar na fila e conformar-se em ser a segunda ou terceira opção de uma maioria de gente que está muito mais preocupada com massa muscular, massa magra, barrigas “tanquinho” e outros pérolas que se ouve para definir os gostosos e gostosas da vez.

Nada contra gente gostosa. Mas me espanta a miopia que faz com que se fale muito em diversidade mas, na prática, impede que as pessoas enxerguem as belezas ocultas de pessoas que, mesmo sem corresponder a esse padrão luminoso (porém medíocre), podem ser muito, mas muuuuuito mais interessantes e ricas para se conviver e amar.

Praticando a diversidade – La vita é bella perché é varia adoro esse ditado italiano que prega as belezas da não mesmice!

Verdade que minha mãe e amigas, na juventude, às vezes não entendiam o que eu via naquele namorado feioso mas genial ou no outro que era praticamente mudo de timidez mas a quem nada escapava – e que me enchia de carinho e atenções.

Sexo na veia – Hoje, vejo filha, amigas e filhas de amigas falando muito abertamente em sexo: falam de pegada, tanquinhos e das mais variadas maneiras de como alcançar a perfeição da forma para atrair um parceiro.

Falam, falam, pegam e voltam a falar para reclamar, botar defeito, tentar trocar e começar a caça – tudo de novo!

Eu, hein?

Paciência é tudo – acredite. Um dos grandes empecilhos para que as pessoas percebam o sutil encanto do não belo é a total falta de paciência que permeia essa geração.

Basta um Clic – hoje tudo é acessível a um simples clic do mouse. Você compra, namora, confere resultados de exames, pequisa destinos, produtos e até pessoas – tudo com um clique pela internet.

Aí vem dá uma preguiça louca de apurar os sentidos para perceber além das imagens luminosas e coloridas. Quando digo sentir, falo das sensações proporcionadas por conhecimento, confiança, intimidade… Hoje cada vez mais raros de se encontrar em um mundo onde tudo é tão escancarado e exposto.

Excesso de exposição fragiliza – cada vez menos as pessoas tem noção do conceito de privacidade. Que te permite errar em particular. Fazer novas tentativas sem anunciar ao mundo que eventualmente tenha se enganado e, principalmente sofrer e se recuperar dando-se o devido tempo para isso.

Ninguém hoje admite que erra, que está mais velho ou mais gordo – já reparou? Todos querem sempre afirmar que estão ótimos, que já superaram aquela dor de cotovelo e (horror dos horrores) que já estão com um “novo namoradinho” (ou namoradinha)…

A alma se apequenou – na mesma proporção em que as pessoas não querem mais perder tempo com nada – pode conferir. Uma pena pois, sentir muita tristeza permite que depois se aproveite melhor os pequenos momentos de alegria e paz.

A medida que aprendo a apreciar pessoas diferentes das apenas perfeitas permito-me um leque muito maior de amizades, amores – e experiências infinitamente mais ricas e gratificantes.

Vejo as jovens descabelando-se na fila de uma bolsa da moda e tenho a certeza de que, em vez de tanta loja, grifes e academia, mais produtivo seria aprender a arte da contemplação. Escutar. Olhar. Enxergar e descobrir. E aprender a desfrutar as belezas ocultas.

Foto de dunas de areias brancas no deserto de onde se ergue uma formação rochosa como uma grande gruta sobre a areia. Por uma abertura das paredes da gruta entra uma luz azul e forte iluminando a paisagem. Aos pés da gruta, uma figura minúscula de um beduíno com a capa esvoaçante dá idéia da grandeza da natureza.