1

Natal do Pix

Mas, uma coisa é dar dinheiro outra, muito diferente, é pedir. Isso, em nenhuma uma cultura (que eu saiba) é aceitável ou bem-visto. E não importa quão modernos e práticos sejam os novos expedientes de transferência. Não, não é elegante. Nem com jeitinho. Nem mesmo se o pedido vier detalhado e impresso em um lindo convite de casamento com letras douradas.

Sim, está tudo tão difícil que dá muita vontade de pedir dinheiro. Mas, presente de Natal não se pede. Começa por aí. Só em cartinha para Papai Noel – e ele ainda não faz  Pix.

Tenho recebido enxurradas de perguntas com teor parecido, e reproduzo aqui algumas delas.

Amigo secreto posso pedir dinheiro? – claro que não! A boa notícia é que pode pedir um “Vale”. E os vales hoje variam: vale livro e vale DVD são os básicos. mas tem Vale massagem, vale day spa, vale drink, vale fim de semana, vale tratamento de cabelo, pele, vale desconto (esse último em loja de roupas, e acessórios é super comum) – e por aí vai. De modo que, indicar qual a área do vale que gostaria de ganhar pode ser uma boa ideia. E não é feio…

Não tenho grana o que fazer? – difícil, mas não é o fim do mundo. Avise desde o início  que não vai participar, pois esse ano “não vai dar pra mim” e se alguém ousar insistir diga que realmente prefere pular essa e que vai se sentir melhor assim. Ok, você quer participar e tem algum talento oculto: como cozinhar, pintar ou algo assim. Pois nem pisque e dê de presente o fruto do seu talento: um bolo delicioso, uma bonita  pintura – o que for. Deveria ser apreciado pelo que é: sua dedicação e tempo para agradar aquela pessoa com algo único feito especialmente para ela.

Preciso dar/ levar presente para todos? – de jeito nenhum. Em geral leva-se alguma coisa para os donos da casa e para as crianças da casa (menores de 14 anos) se houver. Isso, se não  tiver sido combinado diferente…

Natal beneficente – há quem peça brinquedos e material escolar para determinadas instituições – em geral em casas sem crianças. Acho, além de elegante, muito mais dentro do verdadeiro espírito de Natal. Prática que deveria ser encorajada por aqui, onde ostentação e desperdício andam na mesma proporção da necessidade. Tudo chega devidamente embrulhado e fica debaixo da arvore  – assim todos veem o poder da união de forças e, em geral, no dia 26 de dezembro, com calma, é encaminhado aos seu destino final.

Festa da empresa é chato não participar? – uma coisa é o amigo secreto outra a festa em si. Do primeiro você até pode escapar mas, da confraternização, é mais difícil e desaconselhável. Fique bem pouco se for o caso, saia de fininho e pronto. Ninguém vai te cobrar isso. E se fizerem, sempre dá para dizer que “passei mal”. 

Pois é: quem disse que era fácil? Ando pedindo para Papai Noel uma viagem solo do dia 23 a 3 de janeiro. Quem sabe ele atende –  com um vale passagem que seria adequado e pra lá de útil…




Dinheiro emprestado – quando e como dizer não à dívida

100-reais--notas-novas_claudiamatarazzo

Em um tempo de crise geral como o que vivemos, é preciso muita sabedoria par lidar com dinheiro.  Sem falar que, levar cano dói em qualquer bolso. Por isso, não custa ficar atento se alguém lhe pedir emprestado.

  1. Trate o dinheiro com naturalidade. E não se envergonhe de ter mais ou menos grana, afinal, dinheiro não é virtude, talento, beleza ou arte.
  2. Aprenda a não demonstrar que tem algum a mais ou que acabou de investir nisso ou naquilo. Esse tipo de atitude ajuda a afastar olhares cobiçosos e pedidos.
  3. Ensaie – com convicção – alguns argumentos para justificar a sua recusa. Se a negativa estiver na ponta da língua, recusar é mais fácil do que mostrar hesitação e abrir um flanco para que insistam e te convençam a emprestar quando não quer.
  4. De cara, pergunte qual a previsão para devolver – deixando claro que há um prazo sim, e que você conta com essa grana de volta.
  5. Se quantia for grande, especifique você o prazo e pergunte se o outro acha que será possível devolver. Firme e objetivo. Em qualquer banco, ele teria que assinar e pagar juros, certo?
  6. Garantias – não dá para pedir uma garantia mas se o prazo for relativamente longo e a quantia alta, estipule sem culpa um juro mais baixo que o de mercado – até explicando que, por serem amigos você não quer misturar as coisas, assim fica tudo mais simples para ambos: nem ele precisa ficar te devendo um favor e nem você se sentirá lesado.

Para quem vc não deve pedir : namorado/a, chefe, sogro/a… por motivos óbvios né? Só se oferecerem e insistirem muuuuuito.

Já, para vizinhos de longa data, amigos, colegas de trabalho próximos, não se acanhe – mas abra o jogo e se adiante quanto a prazos e procure cumprir.

Fiança: pior que empréstimo – é muito comum as pessoas pedirem para que você assine como fiador : de compra, aluguel, crediários etc. Ôpa!!! se não conhecer muuuito bem o sujeito e só se estiver super bem de vida, nem pense em assinar. Fria total pois, a frequência de calores nesse departamento é enorme e você acabará arcando – por lei – com tudo!

Quando dá para dizer sim :

1- Quando a quantia pedida não lhe faz muita diferença – aí, por que não ajudar?

2-Quando você realmente se importa – com a pessoa que pediu ou com o motivo do pedido. Nesse caso negar, vai te fazer sofrer muito mais do que se apertar por algum tempo.

3- Quando você conhece bem a pessoa e seu modo de agir – confiança é fundamental. Se não tiver, pule para a alternativa de negar com delicadeza. Entrar em fria pra quê?

Quando não emprestar:

1- Quando você não tem a menor intimidade e não conhece bem quem pediu. Aliás, a gente só pede coisas emprestadas (inclusive dinheiro) pra quem temos alguma intimidade.

2- Quando a quantia é significativa em seu orçamento – qualquer que seja ela. Se for para você se apertar, conte a ele uma história triste também – explicando exatamente porque vai lhe fazer falta. Ou simplesmente diga que não tem a quantia e pronto.

reais_do_brasil_claudiamatarazzo

3- Quando a razão do pedido não te convence – porque você também tem que acreditar naquilo, certo?

Como dizer não – há os que contam uma história longa e acabam emprestando para depois cobrar o tempo todo. E há os que emprestam e sofrem em silêncio.

O ideal é abrir o jogo e explicar que não tem – pois você já deu de entrada no curso do Zézinho, ou na casa de campo, ou na temporada no Spa que era seu sonho.

Você não é obrigado a explicar, mas, em geral quando a gente explica, o outro entende que não é má vontade.




Como ser elegante ao Dividir a Conta

cinco moedas douradas em cima de uma conta de restaurante.

Ora, enquanto algumas mulheres não se sentem à vontade com o fato de o homem fazer questão de pagar, outras ainda acham que ser paparicadas ainda é um direito divino.

Então, como fica? Fica que há casos e casos.

Entre empresas – na primeira vez, paga a empresa anfitriã – ou seja, a que convidou. Independente de seu representante ser homem, mulher, ou mesmo mais jovem do que os da empresa convidada.

A partir daí, vai depender da intimidade e da frequência com que os representantes dessas empresas se encontram. E vale dividir igualmente ou mesmo um convidado uma vez e, na próxima o outro pagar.

Entre amigas e amigos solteiros – cada um paga o seu. Beleza. Mas cada grupo tem um jeito: há os que dividem a conta em partes iguais e os que pedem que o garçom discrimine os pedidos para facilitar o cálculo na hora de pagar.

Muito mais elegante dividir igualmente – Mas – e isso vale para todos – sempre tem alguém que toma 5 caipirinhas enquanto os outros ficaram na água ou refrigerante.

Nesse caso, se for um grupo amigo de longa data, não há problema em apresentar ao amigo que bebeu mais a conta já feita:

Fulano a sua parte é tanto $$$, por conta dos seus drinques” …

Entre namorados recentes – achamos lindo que ele pague nas primeiras vezes (pelo menos nas primeiras). E, claro, ela pode se oferecer para dividir.

Mas atenção meninos, não se iludam: a gente oferece, mas, no começo, simplesmente detestamos quando vocês aceitam rachar, ta?

Entre casais amigos – entre casais casados, há um código de dividir pelo numero de casais e não de pessoas – e até funciona, desde que estejam todos de acordo. E vale a mesma regra dos amigos para os que consomem mais.

Entre casais e uma amiga separada ou viúva – se a situação financeira permitir e/ou essa for uma circunstância singular, é muito mais simpático e elegante que todos dividam a parte dessa senhora. Que pode não querer de jeito nenhum. Nesse caso, não discutam e deixem- na pagar a parte dela.

Entre colegas de trabalho – divide- se escrupulosamente a conta e, nesse caso, como vocês irão fazer isso mais vezes, vale até fazer um pouco de conta a mais para não prejudicar ninguém.

É claro que tudo isso depende sempre de sensibilidade para perceber com quem estamos lidando e em que circunstâncias, mas por ser um assunto considerado delicado, esse lance de divisão de contas deve ser tratado sempre com o máximo de transparência possível, mas também com leveza e naturalidade – afinal, dinheiro é matéria, pura e simples. E não sentimento.