Sempre respiro aliviada quando percebo que, em um mundo onde imperam palavras como “globalização” e “massificação” ainda há gente que gosta de pensar e se manifestar de maneira individual e singular.
Quando se pensa em “para poucos” não necessariamente estamos falando em dinheiro ou na qualidade do que é caro, mas sim, na graça e na delícia de que possa desfrutar de algo mais íntimo.
Ok, mas antes de mais nada é preciso entender na prática as palavras – exclusividade e privacidade – cada vez mais difíceis de ser percebidas como conceito. Como produto de consumo, talvez. Mas não como atitude ou conceitos a manter vivos.
Para facilitar, veja alguns exemplos onde o “para poucos” é sempre melhor vivido do que para muitos:
Supermercados – já reparou que não há mais supermercado normal? Só hipermercados. São imensos, cansativos e nem sempre mais baratos do que um mercado de bairro.
Nas raras vezes em que vou a um desses, constato que nem sempre as coisas feitas para mais de mil pessoas funcionam tão lindamente para o que foram planejadas e ainda atender bem aos clientes.
Tanto é verdade que agora as grandes redes estão abrindo centenas de lojas menorzinhas com a marca “express”…
Boates e baladas – Ricardo Amaral é que sabia das coisas. Suas casas como Hippopotamus e Papagaio’s, em São Paulo, ou outras que abriu pelo Brasil eram todas na medida certa. Dava para ir da mesa até o banheiro em menos de cinco minutos. Da pista, era possível sinalizar para o DJ que, por sua vez, “sentia” muito mais o queria a galera, pois o espaço era mais mais reduzido. Hoje as baladas são enoooooormes, com fila no banheiro, glamour zero e falar com o DJ, nem pensar…
Bufês Infantis – cada vez maiores, mais barulhentos e feitos para acomodar de bebês a adolescentes e até coquetéis para adultos. São lugares insuportáveis, de onde tanto crianças quanto adultos saem zonzos. É como se os pais preferissem acostumar os filhos desde cedo as hordas.
Os hotéis – não há mais hotéis, só resorts. Raros são os que realmente prestam um serviço de lazer e entretenimento sem massacrar o hóspede com bufês de comida medíocre, longuíssimas distâncias entre seu “bangalô” e o corpo principal do hotel ou mesmo da praia. Desconfio demais dos resorts. Mas adoro hotéis.
Restaurantes – é fato: pequenos restaurante onde os donos atendem os clientes quase sempre são deliciosos e a comida divina. Por mais que falem tanto das grandes churrascarias brasileiras (e algumas são realmente ótimas) o espaço é totalmente impessoal e é muito difícil de conversar com os amigos, pois são super barulhentas.
Festas em bares – pensando como dona de casa, a única coisa que justifica fazer uma festa em um bar é poder convidar mais gente e não sujar a casa. Mas uma festa em casa, para poucos é muito mais divertida – confira e me conte!
Pois é: “para poucos” é um estilo de vida para alguns privilegiados. Não necessariamente ricos privilegiados, mas apenas aqueles que entendem que tamanho não é documento e que qualidade, nada tem a ver com quantidade.
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