Michelle Obama: custava cobrir a cabeça?
Recentemente, Michelle Obama, em visita a Arábia Saudita, apareceu ao lado do marido, Barack Obama, presidente dos Estados Unidos com a cabeça descoberta.
Para nós o fato passaria batido. Mas causou muita estranheza entre a comunidade árabe. A imprensa não deixou passar em branco e comentou bastante a quebra de protocolo. Que se refletiu em todas as comunidades árabes do mundo.
Como se sabe, por questão cultural, muitas mulheres em alguns países do Oriente Médio, África e Ásia, cobrem a cabeça com um véu – que varia em nome, tamanho e espessura.
Cobrir a cabeça é um sinal inequívoco de respeito as tradições locais e, em geral, basta um lenço amarrado sobre os cabelos para entrar em sintonia com esses povos que preza e conserva essa tradição há milênios.
Michelle sabe disso – tanto é que, em visita a Indonésia usou o véu. Assim como na presença de sua Santidade o Papa Bento VI.
Porque então não fez o mesmo no encontro protocolar na Arábia Saudita? Só ela sabe.
Tradições: porque respeitar – a importância das tradições para um povo não tem uma explicação cerimonial e sim afetiva.
É isso aí: a tradição é o que as pessoas tem de mais arraigado na memória. Sejam as comidas típicas de seu país, as festas religiosas, o esporte nacional ou os costumes.
Mas são coisas que acompanham um povo desde que nasce e, em sua memória, invariavelmente estão relacionadas a tudo o que ele mais preza e respeita: sua casa, seu país, sua família e hábitos.
Respeitar não ofende – ao ignorar os costumes de alguém, não apenas estamos deixando de entrar em sintonia direta com o que lhe é mais caro, como estamos mandando uma mensagem clara de que aquilo não é importante para nós a ponto de sairmos de nossa zona de conforto para ir de encontro ao outro.
Como se sabe, no momento tenso em que vive o mundo – com tantas diferenças sendo desrespeitadas e igualdades atropeladas – qualquer ponte em direção ao diálogo – por mais tênue e simbólica que seja, é mais do que bem vinda.
Michelle perdeu essa oportunidade. Falha do Cerimonial ou dela?