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Como fazer sucesso com “Marsala”

O vinho Marsala é licoroso e doce – próprio para harmonizar com sobremesas. Sua cor intensa é diferente: a uva pende para o marrom sem ser escura, vibrando em nuances de fogo mas ao mesmo tempo que passa longe do ferrugem ou terra.

Atenção Ruivas – marsala combina e contrasta bem com todos os tons de cabelos. Mas, se os seus forem muito vermelhos, apenas cuide para quebrar com um acessório tipo echarpe ou mesmo um top ou malha preta – ou clara – junto ao rosto para realçar traços, cabelos e pele.

O mesmo vale para quem tem pele negra ou muito morena. A linda Beyoncé, errou duplamente, como se vê: a cor não faz nada por sua ele tom chocolate e ainda por cima escolheu um modelo que revela pernas e pele sem acrescentar nada….

Curinga fácil – você pode usar Marsala com preto, bege e branco. Mas isso é o óbvio e muito fácil. Se quiser um toque de sofisticação os verdes – em todas as suas tonalidades – ficam lindos. Ou mesmo o rosa claro e algumas peças nude de coleções passadas.

E num dia que estiver pronta para ousar mesmo, pode arriscar com pink ou azul Bic – que você, espertamente ainda tem no guarda roupa.

Avisei que era uma cor corajosa. E a graça está no fato de que é possível usá-la dominando toda a produção, ou apenas em um acessório elegante, deixando o visual mais leve.

Há quem use essa cor com estampas e texturas. Pessoalmente sou pelo liso que sempre impacta com mais força ainda mais em uma tonalidade vibrante e profunda como essa.

Em tempo: sou contra as “cores da estação” e sempre aconselho fortemente que, analise e questione se te favorecem – antes de aderir a qualquer um destes tons que subitamente invadem as capas de revistas, vitrines e, como num passe de mágica, nossas casas.

Porém dessa vez, devo dizer que já há algumas temporadas, devolvemos  cor a indústria da Moda (lembram quantos anos ficamos entre pretos e crus?) e largamos de lado os espantosos cítricos e verdes- lagarto nos oferecendo tons que nos trazem suavidade, vibração e alegria: pink, coral, nude, azul Bic, marsala…

Assim seguiremos as cartilhas fashionistas e de quebra nossa vida, sem perceber ganha mais alegria. Viva a Cor!

Foto com duas mulheres em pé junto a uma parede na cor marsala. A mulher da esquerda de cabelos castanho claro, usa blusa de gola alta, manga cumprida e calça , na cor marsala. Ao seu lado uma mulher com cabelos castanhos escuro, usa blusa sem ombros e sobre ela uma blusa de malha na cor marsala, a saia brilhante em tipo de couro , na cor marsala mais escura. Na mão esquerda ela segura uma bolsa grande em couro, na cor marsala.




Sustentabilidade, qualidade e liberdade!!!

Os almoços de Domingo são sobre toalhas de minha avó Camilla: italianas em linho bordado, com mais de 80 anos, pois eram do seu enxoval. Vou substituir por quê – e pôr o que? Uma vez por semana vão para a máquina e um dia vão acabar, tendo cumprido a missão…

Meu marido tem lindas gravatas de seda de meu tio avô Costabile que o presenteou com uma caixa delas (hoje já não se usa tanto, mas são lindas).

No alto verão uso camisolas de renda e seda pura do enxoval de minha mãe (mais de 60 anos) maravilhosas – que cortei e fazem sucesso usadas como regatas, à noite.

Uma seguidora me perguntou se eu não repito roupa: percebi que na verdade repito sim, e muito: massss…. tenho um estilo clássico que “enfeito” e vario com acessórios desses, que herdei e guardo há décadas.

Tenho brincos e cintos de mais de 30 anos – e super atuais – da Rose Benedetti – a primeira designer de bijuterias do Brasil. Desses não desapego… Daí a impressão de que nunca repito nada.

Roupa nova é coisa do passado – o fast fashion trouxe o excesso, e a conscientização de que 10% da emissão de gás carbônico é gerado pelo mundo da moda, levou a priorizar a sustentabilidade e tentar o equilíbrio de todo esse excesso.

O objetivo agora é aumentar o ciclo de vida das roupas.

Na pandemia percebeu-se como a qualidade é importante. Já era um processo que vinha ocorrendo, mas foi acelerado em vários setores.

Barreiras conceituais e preconceitos em comprar roupa usada foram derrubadas. Brechós aumentaram e começam a pagar melhor pela sua roupa usada. Cultura do desapego cresceu.

Pensamento jovem – consumidores de 18 a 25 anos querem consumir marcas que tenham compromisso social, sustentabilidade, responsabilidade e transparência. É o Lowsumerism (baixo consumo). Há um esforço para valorizar o conserto de roupas e a durabilidade das peças.

Aluguel de peças. Paga-se uma assinatura/mensalidade e o cliente pode usar por um tempo produtos de marcas/objeto do desejo. O cliente fica um mês com a peça (ou 3 ou 4) montando looks diferentes e depois troca por outro conjunto de itens. Várias amigas que aderiram a esse Closet virtual estão amando, pois misturam com peças xodós que tem em casa e variam muito mais…

A geração Z viviam angústias enormes, pois não poderiam aparecer com roupa repetidas. A geração pensava que o bom é o novo. Hoje, essa nova geração, o desafio é usar as mesmas peças por uma semana ou várias vezes e ver o que acontece.

Comecei a pensar e não é que é divertido? Experimente: a experiência permite aprendizado e evolução. E liberta muuuuito!




Grisalhas e mais baixas – e daí?

Há alguns anos atrás, uma empresa japonesa foi processada por uma funcionária por ter em seu dress code a obrigatoriedade do uso de saltos altos definindo inclusive a altura.  Exagero da funcionária? Ao contrário: imposição ditatorial e irreal da empresa.

Mais uma vez as mulheres são obrigadas – sim, a palavra é obrigada – a se submeter a rituais dolorosos e inconvenientes enquanto seus colegas homens saem bem confortavelmente na foto.

Quando Chefe do Cerimonial do Governo do Estado de São Paulo, frequentemente, por protocolo ou  imposição cultural, era obrigada a usar saia e salto alto na presença de autoridades Reais e Imperiais – inclusive o atual Imperador Naruhito do Japão.

Passar um dia inteiro em pé sobre saltos de mais de 5 centímetros, torna-se uma tortura depois de 1 hora. Some essa hora mais 8  e eventos constantes sem dar ao corpo a possibilidade de se recuperar e temos uma série de doenças crônicas ligadas a má postura e estresse das articulações. Portanto, voltando a empresa japonesa: perderam, remando contra uma maré que hoje, indica a necessidade de priorizar conforto: tanto físico quanto moral.

Prova disso é a indústria de calçados: hoje fabricam tênis e sapatênis em todos os modelos, com salto, em couro e nobuki – se falar nos outros modelos de solado emborrachado. Com a pandemia, as mulheres do planeta perceberam o prazer de passar as 24 horas do dia bem apoiadas sobre pés sem dor – com calçados que se moldam a eles em vez de triturá-los. Sapatos e sapatilhas baixos ganharam espaço e se aprimoraram.

Voltando a pergunta sobre festas formais: claro que podemos ir a uma gala sem salto – e ainda arrasar! Até porque, há vários fatores que definem se o modelo é mais ou menos esportivo, veja só:

Textura e modelo – modelos mais delicados, decotados, com tiras (no caso de sandálias) são mais adequados para os tecidos fluidos e mais trabalhados usados em ocasiões mais formais. Aforrados em tecido ou em camurça esse tipo de calçado é feminino e elegante.

Acessórios e aplicações – além da textura, calçados mais firmais podem ter bordados (inclusive em fios metálicos) aplicações de pedrarias ou outros metais e, com isso ganham outro patamar na escala de mais ou menos esportivo.

Grossura do salto – mesmo os de salto baixinho, funcionam modelos formais se o salto for mais fino. Há uma convenção (até correta) que define modelos de saltos altos porém grossos como mais esportivos.

Pois é, sofremos por séculos equilibrando-nos em absurdos palitos durante horas em nome… do que mesmo? Liberte-se. É possível ser elegante sem isso. Assim como na pandemia assumimos nossos cabelos brancos ou grisalhos, pouco a pouco (ou de uma vez se preferir) sinta-se no direito se andar feliz sobre seus próprios pés.




Sem gravata e com muito charme

A questão é:  no verão, como manter a elegância, dispensar a gravata sem parecer de férias no ambiente profissional?  Com base em várias perguntas que me chegam, aqui vão algumas sugestões, uma vez que moramos em um clima tropical…

O que usar sob o paletó sem gravata? Hoje há muito mais possibilidades: camisetas de gola redonda são permitidas em momentos mais informais.  Mas, sempre lisas. Camisetas de gola polo são uma boa pedida – sua malha mais estruturada e a gola complementam o paletó

Cor – pode ser um contraste assumido (paletó escuro e camiseta clara) ou uma cor no mesmo tom: com paletó azul-marinho, por exemplo, uma camiseta azul muito clarinho, quase branco, fica muito elegante.

Qual costume é o mais apropriado no verão? O ideal é usar ternos em tecidos naturais como linho ou tecidos inteligentes mais leves. As cores variam conforme a paleta de cada pessoa.

Hoje há uma tendência para tons terrosos, sempre numa paleta mais clara, sem ser super clarinha. Evite cores de fruta, como kiwi, papaia, pêssego e uva…. Tons muito pasteis não são ideais, mas, pode usar os beges, terrosos, tons de azul, todos os cinzas médios.

O Corte – é o que vai bem para cada biotipo. Corte de terno masculino é uma questão de altura e envergadura. É proporção!

A camisa branca – pode ser mais formal, mas vai depender do tecido e do modelo. Uma camisa de linho branca, debaixo do paletó, é muito elegante. Um bom algodão, uma cambraia de boa qualidade, são confortáveis e ficam bem.

Acho que o segredo também é usar camisa branca com uma calça de corte mais moderno, como por exemplo, uma calça sem passante de cinto, um paletó um pouco mais cinturado – assim dá um ar mais informal ao visual.

Camisa azul clara: ainda está na moda? é um clássico, não sai de moda. Outras cores para o verão: rosa bem claro, verde água muito clarinho…

Usar camisetas por baixo da camisa: é uma boa ideia? A camiseta por baixo da camisa durante o verão é um hábito europeu, onde usam muito para evitar excesso de transpiração se transfira para a camisa com suor. Só não vale usar camiseta escura por baixo de uma camisa clara porque vai aparecer e destoar.

Terno de linho dá um ar muito informal? Embora seja uma coisa mais esportiva, é muito elegante e o que vai a mudar é o caimento, a estrutura. Um terno de linho branco desestruturado, realmente é uma coisa para usar na praia, mas um terno de linho com boa estrutura, em uma cor bacana, num tom médio… vai ser sempre um terno muito elegante e muito confortável para  trabalhar no verão.




Slow Fashion: mais do que um conceito, o futuro

E antes que você diga que é mais um modismo, calma: muito além do rótulo, o movimento traz um conceito que pode ser a salvação de muita gente que, nas últimas décadas, se entregou ao consumismo desenfreado e acabou caindo em inúmeras armadilhas – inclusive psicológicas.

O conceito – desacelerar o ritmo em que as roupas são confeccionadas e consumidas, gerando peças menos perecíveis e, dessa forma, reduzindo o lixo e o impacto no meio ambiente. Não é frescura – e faz muito sentido, mais ainda se pensarmos que, nos últimos 10 anos, a quantidade de roupas produzida no mundo DOBROU!!! De toda essa roupa, quase nada é reciclado: 87% das fibras produzidas acabam incineradas em aterros sanitários!

Na década de 80, tudo nos chegava com a defasagem de 3 meses da Europa, de onde a moda se espalhava para o mundo.

Com o tempo, os lançamentos aconteciam a cada 3 meses, depois 2 e, finalmente, nos últimos anos, o tempo todo – com vendas feitas online, ou no próprio dia do desfile, com uma arara no sistemaby now”.

Era o reinado da fast fashion: barata, ágil e democrática. Por algum tempo, até mesmo as madames endinheiradas aderiram, afinal, era divertido comprar baratinho e variar peças o tempo todo.

Preço, qualidade e quantidade – o ritmo era alucinante e a concorrência beirando a deslealdade. Assim começam uma série falsos conceitos que, por sua vez, geraram grande confusão de identidade e um boom de consumo, com uma indesejável e jamais vista ostentação.

Convencionou-se dizer que a alta costura, oposto da fast fashion é cara – e que a fast fashion seria barata. Os estilistas e marcas alegavam uma qualidade e durabilidade superior para justificar seus preços, enquanto a moda express, por ser mais barata era considerada de baixa durabilidade.

Nem uma coisa nem outra. Com o tempo as grifes caras começaram a produzir na China, nos mesmos polos que originavam as peças fast baratinhas. Resultado: peças de grife vendidas a preço de ouro performavam no guarda-roupa de maneira sofrível, muitas vezes durando menos, encolhendo e desbotando de forma que suas primas pobres jamais haviam feito. Pois é: na indústria da moda, caro, nem sempre quer dizer bom. Nem belo ou durável.

 

O desafio slow fashion – hoje a meta é fidelizar clientes e provar que vale a pena pagar um pouco mais e contribuir para um bem maior – além de adquirir peças mais sustentáveis. Embora vendam bem pelos sites, as lojas físicas são essenciais, pois é importante que os clientes sintam o toque, experimentem e comparem caimentos e texturas, uma vez que são peças atemporais.

O principal é aprender a consumir menos, melhor, com mais consciência e focar mais na essência e conceito e não na quantidade. A ideia não é dividir por coleções – e sim por itens duráveis, básicos e atemporais que durem e interajam com outros.