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Abuso emocional – dá pra prevenir?

Quando o entusiasmo do início fala mais alto, é comum ignorarmos sinais que, mais tarde podem se transformar em problemas.

Mas atenção: esses sinais de alerta, conhecidos como red flags ou “bandeiras vermelhas”, não devem ser vistos como pequenas manias sem importância, mas como indícios de comportamentos que podem comprometer a saúde emocional e a estabilidade de uma relação. As principais são:

Falta de respeito com os outros – alguém que trata mal garçons, colegas de trabalho ou até familiares pode, em algum momento, direcionar esse mesmo comportamento para o parceiro. simples assim.

Dificuldade em se responsabilizar pelos próprios erros – quando tudo é culpa dos outros, o relacionamento corre o risco de virar um espaço de cobrança injusta. E isso tem um peso enorme, em algum momento a corda arrebenta.

Incoerência entre discurso e prática – também merece atenção. Se a pessoa fala muito sobre honestidade, mas mente em situações cotidianas, há um desequilíbrio entre o que ela diz e o que realmente é.

Ciúme excessivo e o controle constante – sinais claros de que a relação pode se transformar em algo sufocante, limitando a autonomia individual.

Incapacidade de lidar com frustrações – explosões de raiva, manipulação ou silêncio punitivo, desgasta qualquer vínculo.

Falta de empatia – dificuldade de ouvir, compreender ou apoiar, sinaliza que talvez não exista espaço para crescimento conjunto.

Observar esses sinais não significa desconfiar de tudo ou esperar perfeição. Mas é importante distinguir pequenas imperfeições de comportamentos que comprometem a confiança, a segurança e o respeito mútuo.

Então antes de se entregar totalmente a um relacionamento, vale sim  aprofundar-se  além da química inicial e das afinidades superficiais. Identificar as bandeiras vermelhas é uma forma de proteção emocional e de valorização pessoal. O amor saudável não nasce da insistência em mudar alguém, mas da escolha consciente de estar com quem soma, respeita e compartilha valores essenciais. E reconhecer os alertas no caminho não é pessimismo — é maturidade.




Versace x Armani: quando o luxo grita a elegância sussurra

Duas correntes se destacam nessa narrativa — o luxo ostentação e o quiet luxury. Enquanto o primeiro aposta na teatralidade e no impacto visual, o segundo se apoia na discrição e na sofisticação silenciosa. Poucos estilistas representam melhor esse contraste do que Gianni Versace e Giorgio Armani.

Versace – elevou o luxo ostentação a um patamar quase mítico. Suas criações são marcadas por cores vibrantes, estampas barrocas, detalhes dourados e a icônica Medusa, símbolo de sedução e poder. Para ele, o corpo é palco e a roupa, espetáculo. Vestir Versace significa desejar ser visto, provocar impacto e viver o luxo como performance social. Não à toa, suas coleções sempre dialogaram com o universo das celebridades, da música e do entretenimento, onde a moda precisa brilhar sob os holofotes.

Armani construiu sua obra sobre o que chamamos hoje de quiet luxury. Seu estilo é reconhecível pela paleta neutra — cinzas, beges, marinhos — e pela alfaiataria impecável, que valoriza o caimento natural e o conforto sofisticado. Ele não precisa de logomarcas chamativas ou excessos decorativos: seu luxo está na qualidade invisível, na roupa que parece simples, mas carrega um trabalho de modelagem e materiais de altíssimo padrão. Quem veste Armani transmite confiança sem precisar de alarde.

Se Versace é o luxo da noite, da festa e da afirmação, Armani é o luxo do dia, do trabalho e da elegância atemporal. Enquanto o primeiro clama por atenção, o segundo conquista pela discrição. Versace representa a exuberância de quem quer dizer “olhem para mim”; Armani, a serenidade de quem transmite “eu não preciso provar nada”.

O diálogo entre luxo ostentação e quiet luxury mostra que a moda não é apenas estética, mas também linguagem social. Versace e Armani são dois lados de uma mesma moeda: um traduz o brilho da extravagância, o outro a força da sobriedade. No fim, ambos revelam que o luxo é, antes de tudo, uma forma de expressão — ora gritante, ora sussurrada, mas sempre carregada de significado.




Tecidos Nobres – diferenças e aplicações

Entre os materiais mais associados à elegância e sofisticação está a seda. Outros como o cetim, o crepe, e a seda artificial pegam  uma carona na fluidez da seda natural- resistente, fluida e, de certa forma térmica.

Ora, a seda natural, nobre e cada vez mais rara, naturalmente tem um custo maior. Mas existem tecidos similares, outros inteligentes e alguns “filhotes” dela que muitas vezes podem ser confundidos entre eles e até com ela – e é claro que não tem o mesmo desempenho.

Mas vale a penas falar deles pois esses tecidos têm características distintas que influenciam sua aparência, caimento, textura e até seu valor podendo ser utilizados conforme a necessidade, numero de peças e orçamento.

Cetim – não é um tipo de fibra, mas sim um tipo de tecido construído com entrelaçamento especial, que confere brilho intenso na frente e opacidade no verso. Pode ser feito de seda, poliéster ou acetato. O cetim de seda é o mais nobre e tem excelente caimento, sendo usado em vestidos de festa, roupas de noiva e lingeries. Já o cetim de poliéster é mais acessível e muito comum no vestuário do dia a dia e na decoração. Mas amassa mais e tem um excesso de brilho que, a depender do tom, pode ter um efeito exagerado.

Crepe – é um tecido com superfície levemente enrugada, que pode ser feito com fios de seda, lã, algodão ou fibras sintéticas. É conhecido por seu toque seco e caimento fluido, sendo muito utilizado em blusas, vestidos e peças que pedem elegância com discrição. O crepe de seda, por exemplo, é sofisticado e ideal para ocasiões formais, enquanto os crepes sintéticos são versáteis e acessíveis, ideais para uso cotidiano.

Seda Natural – é produzida a partir do casulo do bicho-da-seda e é considerada uma das fibras mais nobres do mundo. Seu brilho é mais sutil do que o do cetim sintético, e sua textura é leve, macia e fresca ao toque. Além de beleza, a seda natural oferece conforto térmico e alta durabilidade. Por ser um tecido de origem animal e de produção artesanal, tem valor elevado e é comumente usada em peças finas e de alta costura.

Seda Artificial – também chamada de viscose, é feita a partir da celulose de madeira, com aparência semelhante à da seda natural, porém com custo reduzido. É um tecido leve e com bom caimento, muito usado em vestidos e blusas para o dia a dia. Apesar do nome, ela não é uma seda verdadeira, mas sim uma alternativa mais acessível para quem busca sofisticação sem o alto investimento.

Entender as diferenças entre esses tecidos é fundamental para valorizar cada escolha de tecido – seja pelo toque, pelo brilho, pelo caimento ou pelo custo-benefício. Cada material tem sua beleza e função, e o uso correto potencializa tanto o estilo quanto o conforto. Saber distinguir essas opções é uma forma de consumir moda com mais consciência, elegância e informação.




Meseiras –  erros e acertos

Se você aprecia uma mesa bem montada, com certeza deve se inspirar em algumas meseiras, as profissionais ou entusiastas da montagem de mesas de refeição, focadas em criar ambientes esteticamente perfeitos para almoços, jantares e eventos em geral.

Em apenas 2 décadas elas resgataram a mesa como espaço social, criaram uma profissão lucrativa e conquistaram o mercado do universo da casa inspiram milhares seguidores nas redes com suas ideias.

Mas, muitas vezes o entusiasmo acaba fazendo com que escorreguem em conceitos equivocados ou mesmo uma estética exagerada – e perdem a mão por conta de uma bobagem. Para não ser vítima desse tipo de armadilha preste atenção a algumas virtudes das meseiras que, mal dosadas, podem se transformar em micos ou mesmo prejudicar no seu evento.

Estética que enche os olhos – elas transformam qualquer refeição em uma experiência visual. Sabem como brincar com cores, texturas e temas para montar mesas que impressionam desde o primeiro olhar. Muita calma: esse impacto pode ser feito com elegância, sem exageros que cansem o olhar depois de 5 minutos.

Elas personalizam a mesa e  incentivam a criatividade adaptando tudo para o estilo do anfitrião e o clima da ocasião. Mas é preciso seguir as regras básicas da etiqueta mesmo, criando algo que tenha a sua cara.

Etiqueta como referencia o maior erro de muitas meseiras é colocar a estética acima da funcionalidade e da etiqueta tradicional. Muitas se empolgam na decoração e esquecem de deixar espaço para o básico: pratos, talheres e copos. O resultado é uma mesa apertada e desconfortável para os convidados. Funcionalidade é essencial: em vez de um arranjo poderoso de mesa atrapalhando a conversa entre os convidados, é preciso entender que o resultado pode ser igualmente lindo e mais confortável  com arranjos baixos e delicados….

Foco exagerado em vendas – muitas se perdem no excesso de promoções de produtos. Em vez de ensinar a montar uma mesa funcional bonita e prática, elas passam a promover guardanapos duplos, sousplats em várias cores e uma série de acessórios nem sempre tão decorativos  e muitas vezes completamente  desnecessários.

Montagens para foto, não para a vida com o boom das redes sociais, muitas meseiras estão focando demais em criar mesas que ficam bonitas nas fotos, mas que não funcionam ao vivo. O resultado é uma mesa linda, mas nada pratica.

Sou a primeira a reconhecer a importância das meseiras. Mas, quando o foco fica só na estética ou nas vendas, acaba passando a ideia errada de que montar uma mesa depende de ter muitos e variados produtos e não de entender as regras básicas de etiqueta e funcionalidade.

O ideal é que elas busquem mais equilíbrio entre uma mesa beleza e  funcionalidade onde os convidados se sintam bem e confortáveis. Afinal, de que adianta ter uma mesa maravilhosa se na prática ninguém consegue aproveitar a refeição?




Corpos Secos – o livro que me fez surtar

A ação se passa num Brasil devastado por uma praga misteriosa, onde corpos humanos se decompõem, mas não morrem de verdade. É classificado como romance, mas para mim, é terror. No mínimo, suspense. Envolvente e, às vezes, um pouco assustador. A leitura não é leve, vemos isso logo nas primeiras linhas.

O tema apocalipse é tratado de uma forma muito visível e “sentível”. De fato, entramos naquele mundo, pois é passado no nosso país, conhecemos os lugares, passamos por eles.  Sentimos o que cada personagem está sentindo, é muito real. Nunca na minha vida, joguei um livro longe – esse foi o primeiro – mas não por ser ruim, muito pelo contrário. Juro!!!

É como os autores nos dessem três tapas na cara para nos lembrar que o que estamos lendo não é um conto de fadas com final feliz! Fiquei dois dias sem ler mais nada, muito chocada. Mas vale muito a leitura e vocês vão entender o porquê. É adrenalina pura do começo ao final.

Uma coisa que nos prende é a mudança de escrita em cada capítulo, de primeira para terceira pessoa. Lógico, com quatro autores, cada um cuidando de um personagem, é de se esperar que sejam estilo diferentes. Achei muito legal. Cada um contando o seu ponto de vista do apocalipse zumbi.

Os autores são tão geniais que mesmo os capítulos sendo curtos – no máximo 10 páginas – eles conseguem nos fazer criar algum tipo de sentimento pelo personagem. E que por um lado, muda drasticamente ao longo da história. Com referências bibliográficas, memes e uma certo nível de ironia.

É um livro com vários questionamentos e as reflexões. E, cada um vê de um jeito e tá tudo certo. É assim que funciona a leitura. Lembrando sempre: estamos num APOCALIPSE DE CORPOS SECOS (ZUMBIS) e nunca passamos por isso.

Será que estamos nos acostumando a viver absurdos? Essa é uma das grandes questões levantadas. Olhar pela janela e ver corpos desidratados sem sentir nada… Será que, em meio a tanta tragédia e crise, a gente vai se tornando insensível? No livro, o absurdo vira rotina, e isso nos faz pensar se, na nossa realidade, já estamos num ponto em que nada mais choca, seja por indiferença ou puro cansaço.

Outra questão pesada: é possível abrir mão dos nossos princípios morais para sobreviver? A sobrevivência em Corpos Secos exige escolhas difíceis. Até que ponto você conseguiria se manter ético em meio ao caos total? Se seu melhor amigo virasse um “corpo seco”, você seria capaz de acabar com o sofrimento dele, mesmo que isso te fizesse sentir um assassino? O livro nos coloca nesse dilema ético o tempo todo: quando é aceitável quebrar nossos princípios?

E qual seria o limite para garantir a própria sobrevivência? O que você faria para continuar vivo? No livro, os personagens vão ao extremo, usando banha de corpos mortos, questionando até onde se pode ir para não morrer de fome. Mas será que há um limite? Ou o instinto de sobrevivência fala mais alto que qualquer regra moral?

Em Corpos Secos, a ideia da inocência das crianças é desafiada. Como manter a inocência em um mundo onde a sobrevivência é a prioridade número um? E talvez a pergunta não seja só “para onde vai a inocência?”, mas sim: como podemos, como sociedade, proteger essa parte tão essencial das nossas crianças em tempos de crise?

Outro ponto abordado é o colapso das instituições. O governo, no livro, está completamente perdido, deixando a população à mercê da própria sorte. E aí surge o dilema: em quem confiar quando as instituições falham? Quem detém o poder quando o Estado não consegue mais garantir a segurança básica? O livro é uma crítica pesada à fragilidade das estruturas políticas e sociais em tempos de crise.

Corpos Secos nos obriga a pensar em como reagiríamos em uma situação de colapso. Será que somos mesmo capazes de manter nossa humanidade quando o mundo desmorona ao nosso redor? E você, quem seria nesse cenário? A pessoa que luta para manter seus valores ou alguém que faz o que for preciso para sobreviver?

Serviço – Título Corpos Secos

Autores – Luisa Geisler, Marcelo Ferroni, Natalia Borges Polesso e Samir Machado de Machado

Gênero – distópia mix de terror e ficção científica 

Editora – Alfaguara