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O poder da comunicação afetiva na saúde mental – por Cristina Mesquita

Em um ritmo acelerado e sob pressão constante, muitas pessoas se sentem sobrecarregadas e solitárias. Nesse cenário, a comunicação afetiva se revela um recurso valioso, capaz de transformar o convívio em espaço de acolhimento e oferecer alívio diante das tensões da vida moderna.

Quantas vezes nos pegamos pensando que vamos procurar aquele amigo que nos compreende e nos aceita do jeito que somos, sem julgamento? Na realidade, estamos em busca de uma palavra de incentivo ou de uma motivação. Pequenos detalhes atuam como fatores de proteção diante do sofrimento psíquico. Por outro lado, a comunicação agressiva, marcada por críticas e indiferença, gera isolamento e baixa autoestima, aumentando a sensação de solidão vivida em silêncio.

Sem saúde mental não existe saúde física. O equilíbrio emocional é o alicerce que sustenta nosso corpo, nossa produtividade e nossa capacidade de viver plenamente. Cuidar da mente significa também cuidar do corpo.

No convívio social, em casa ou no trabalho, a forma como nos relacionamos influencia a vida coletiva. Empresas que promovem uma boa convivência saudável colhem resultados em produtividade e bem-estar. Escolas que incentivam habilidades socioemocionais preparam crianças e jovens não apenas para o desempenho acadêmico, mas para a vida em sociedade.

Gentileza não é romantismo, é prática social que reduz conflitos, fortalece vínculos e cria redes de apoio. Para que essa cultura se enraíze, é necessário que cada um de nós adote atitudes conscientes e consistentes no dia a dia, cultivando o respeito e a empatia. A comunicação afetiva, por mais transformadora que seja no nível individual, se fortalece quando é praticada de forma coletiva, melhorando relações, criando ambientes acolhedores e inspirando outras pessoas a fazer o mesmo.

O estresse é uma realidade do nosso tempo, mas o acolhimento pode ser a resposta. Se falarmos com mais cuidado, ouvirmos com mais paciência e agirmos com mais gentileza, já promoveremos mudanças reais. Cuidar da mente não deve ser apenas gesto individual, mas um compromisso coletivo e condição essencial para uma sociedade mais justa e saudável.

Cristina Mesquita é jornalista, cerimonialista e graduada em Direito. Diretora de Comunicação da Associação Brasileira de Profissionais de Cerimonial (ABPC), é coautora do livro ‘Comunicação & Eventos’ e especialista em organização de eventos. Possui MBA em Gestão de Eventos pela ECA-USP.




Minimalismo x Consumo Afetivo

Ao eliminar o excesso, ganhamos clareza e liberdade. No entanto, na prática, o minimalismo nem sempre encontra espaço no cotidiano de quem vê nos objetos além da sua utilidade, também memória, emoção e identidade.

Consumo afetivo. Guardamos cartas antigas, roupas de alguém querido, a louça da avó, brinquedos da infância ou aquele presente de uma amizade que já se foi. Mesmo quando não usamos ou sequer vemos esses objetos com frequência, eles habitam nossas casas como testemunhas silenciosas da nossa história. Jogá-los fora seria como apagar capítulos importantes da nossa vida — e é aí que o minimalismo perde força para o afeto.

O discurso de “menos é mais” colide com a complexidade emocional do que acumulamos. E isso não se trata apenas de nostalgia, mas de pertencimento. Guardar certas coisas nos dá um senso de continuidade, especialmente em um mundo tão instável e fluido. Em vez de priorizar apenas a funcionalidade, o consumo afetivo valoriza o vínculo e o significado.

Nem todo acúmulo é desorganização. Sim pois, existe beleza em uma estante cheia de livros lidos, em uma parede com fotos de gerações, ou em um guarda-roupa que conta histórias de fases da vida. Às vezes, guardar é uma forma de autocuidado e de resgatar quem somos.

Isso não significa que o minimalismo não tenha seu valor — ao contrário. Ele pode ser um excelente exercício de desapego, foco e praticidade. Mas talvez a questão não seja escolher entre minimalismo e afeto, e sim encontrar um equilíbrio. Reduzir o consumo por impulso, sim. Mas manter aquilo que faz sentido emocional, que acolhe, que representa.

Sim porque, mais do que casas limpas, buscamos casas com alma. E, nesse cenário, guardar pode ser, sim, um gesto de amor.




O fenômeno do “Tem que ter” – nas redes e fora delas

De garrafinhas personalizadas a tênis disputados, passando por cremes, fones, livros e até brinquedos colecionáveis — o fenômeno do tem que ter é um retrato da cultura digital acelerada, que transforma desejo em consumo quase automático.

“Objeto do momento” não é apenas um produto – ele se torna símbolo de pertencimento, atualização e até status. Quem tem, posta. Quem vê, deseja. E o ciclo se retroalimenta em velocidade recorde. Essa lógica, impulsionada por algoritmos e estratégias de marketing altamente segmentadas, cria a ilusão de que consumir é a única forma de estar “por dentro”.

Consequências desse movimento – de cara, a pressão constante para acompanhar tendências pode gerar ansiedade, frustração e sensação de inadequação. Quando o consumo deixa de ser uma escolha consciente para virar uma resposta emocional — mediada pela comparação constante — perde-se o controle sobre o que se compra, por que se compra e para quem se compra.

Além disso, o tem que ter coloca em risco o senso de identidade. Quando todos têm o mesmo item, o mesmo look, a mesma decoração ou o mesmo “lifestyle”, onde fica a personalidade? A estética da internet favorece padrões visuais fáceis de replicar e algoritmos que reforçam mais do mesmo. O resultado é uma uniformização do gosto e uma diluição da autenticidade.

É claro que não há problema em desejar ou comprar algo. Mas o ponto central está na motivação. Você quer isso porque realmente faz sentido para você, ou por que tem medo de ficar de fora? O desejo legítimo é diferente da necessidade fabricada. E, numa era de consumo acelerado, lembrar dessa diferença é um ato de consciência.

Em vez de correr atrás do objeto da vez, que tal observar o que realmente faz sentido no seu estilo de vida, no seu orçamento e nos seus valores? A verdadeira tendência é saber filtrar, escolher com critério e não deixar que o algoritmo dite o que você precisa ter para ser relevante. Porque, no fim das contas, o que vale não é ter o que todos têm — e sim ser quem poucos conseguem ser: alguém com escolhas próprias.




Maximalismo: a volta do exagero

Calma, calma: o luxo silencioso sempre vai inspirar discrição e refinamento, mas, o estilo boho ressurgiu com força clamando por expressão, ousadia e identidade visual através de brincos que ocupam metade do rosto, colares em camadas, pulseiras que ecoam ao caminhar e bolsas de formatos inusitados. Tudo isso junto e misturado. E é claro que, temos que analisar, gostar e questionar antes de usar, certo? Vamos entender melhor.

Maximalismo – além do exagero estético, representa uma mudança de comportamento. Depois de anos marcados por retração, incertezas e isolamento, o desejo coletivo é por afirmação de presença. E os acessórios tornam-se uma linguagem poderosa. Dizem quem somos, onde estamos e o que queremos comunicar, mesmo em silêncio. Em tempos de redes sociais, onde a imagem conta histórias, o acessório ganha ainda mais força como expressão de identidade pessoal e até profissional.

Estética maximalista – celebra a liberdade criativa, a mistura de referências e o inesperado. É sobre devolver à moda o prazer do lúdico e transformar o acessório no protagonista do look. Produções ganham formas orgânicas, brilhos inusitados, combinações improváveis e uma profusão de cores — tudo com um toque de irreverência. A única regra é não ter medo de ousar.

Grandes marcas já abraçaram esse movimento, mas o mercado independente também brilha, com criações autorais que valorizam o feito à mão, o inusitado e o sustentável.

Um visual neutro pode ganhar nova vida com uma peça de impacto, promovendo o consumo consciente e a reinvenção do estilo com criatividade.

Além disso, os acessórios maximalistas dialogam bem com o momento atual da moda, em que a sustentabilidade e a personalização ganham força. É possível reaproveitar roupas básicas do guarda-roupa e dar vida nova a elas apenas com uma peça de impacto. Isso valoriza o consumo consciente e incentiva a criatividade — um luxo acessível e cheio de significado.

Se o minimalismo nos ensinou que “menos é mais”, o maximalismo nos lembra que, às vezes, mais é simplesmente mais divertido. Em um tempo que pede autenticidade, os acessórios maximalistas nos convidam a olhar para o espelho com mais liberdade, menos regras e muito mais cor. Afinal, estilo também é sobre sentir-se bem, destacar-se com personalidade e — por que não? — se divertir com a moda.




Labubu – temos a nossa versão também!

Produzido pela gigante chinesa Pop Mart, ele se tornou um verdadeiro fenômeno no universo dos art toys, conquistando fãs ao redor do mundo com sua estética lúdica, narrativa fantástica e, claro, suas tiragens limitadas que fazem cada peça parecer uma pequena joia pop.

Mas como toda febre, Labubu traz consigo um custo: algumas versões chegam a ultrapassar os R$ 1.000 no mercado paralelo. E é aí que surge uma pergunta importante — será que é preciso importar personagens para viver o encantamento do colecionismo? A resposta é não!

O Brasil está repleto de alternativas criativas, autorais e acessíveis, muitas vezes com produção local e temas que conversam com o nosso imaginário cultural.

Entre os destaques nacionais estão os brinquedos de vinil e resina criados por artistas independentes, que mistura crítica social, humor e personagens excêntricos. Outros são feitos artesanalmente em madeira com estética suave e nostálgica, conquistam pelo minimalismo e sensibilidade.

Outro ponto forte da cena brasileira são os eventos como a Dcon (Designer Con), feira de ilustradores e exposições de arte pop, onde é possível conhecer artistas novos, adquirir peças únicas e entender o conceito por trás de cada criação. Muitos desses artistas vendem diretamente pelas redes sociais ou em plataformas de vendas e até feiras locais, permitindo um consumo mais consciente, com valorização do trabalho manual.

Se Labubu virou símbolo do desejo e da estética pop contemporânea, as criações brasileiras mostram que também temos uma produção vibrante e cheia de personalidade. No fim das contas, o mais interessante do colecionismo não é seguir a tendência mais cara ou importada, mas encontrar peças que expressem quem você é — ou que simplesmente arranquem um sorriso sempre que você passar por elas. Porque estilo, no fundo, é isso: identificação, afeto e um toque de diversão.