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Finitude – quando o amor pode fazer toda a diferença – inclusive para quem fica

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uma pessoa deitada numa cama, tem uma mão sobre um lençol com a palma para cima, com uma aliança no dedo, tem sobreposta outra mão.

Apesar de nunca ter tido medo de morrer, me apavorava a ideia de perder alguém próximo mas ultimamente tenho pensado com frequência sobre a finitude da vida.

Ok, sempre tive dificuldade em me adaptar a novas situações, mas sempre enfrentei cada uma delas – mesmo com muito medo.

Há 1 ano e meio trabalho no Hospital do Câncer de Barretos – daí esse tema ser bem recorrente, especialmente na unidade que trata de cuidados paliativos, ou seja, quando não há mais cura e o paciente e seus familiares precisam de cuidados especiais para uma morte sem dor ou sofrimento – na medida do possível.

Falar em morte sem sofrimento ainda é muito complexo não apenas para mim, mas acredito que para todo mundo.

Embora conviva com pessoas com deficiência há muitos anos e sempre tenha encarado a diversidade e a dificuldade de uma forma natural, a doença me choca, angustia e me tira o sono.

Tirando as doenças degenerativas, a deficiência parou ali, você se adapta e vai seguindo a vida.

Já, com uma doença grave e progressiva a situação é bem diferente. Mas como a vida é um constante aprendizado, graças a Deus, e trabalhando com o diretor jurídico do Hospital, Henrique Moraes Prata, doutor em bioética, tenho aprendido muito.

De cara entendi que é sim possível aliviar e muito, o sofrimento nesta hora. E começo a perceber a morte de uma forma mais natural – assim como era como antigamente.

Ora, quando a pessoa morria em casa, os familiares cuidavam dela até o fim. Fazia parte do rito de passagem tratar, inclusive, da preparação para o velório, muitas vezes feito na própria casa. Quem tem mais de 40 anos provavelmente se lembra disso.

Hoje, o “conforto” se vincula ao Hospital: UTI, respirador, reanimação todas as vezes que forem necessárias, sondas – muitas vezes sem pensar na qualidade de vida do paciente nesta fase que, em muitos casos, é muito curta.

Henrique me ensinou: “todo mundo vai morrer, aceitar a hora de cada um faz parte da “vida”.

Aprendi muito também com Verônica e Elisângela, duas pessoas completamente dedicadas dessa unidade que trata das pessoas no momento de finitude.

Ambas são enfermeiras e, com elas entendi que o amor prepara, consola, ensina. Também percebi que, aliviar o sofrimento nessa hora é um ganho recíproco.

E também compreendi melhor que daí vem aquele exercício diário de fazer tudo para as pessoas que a gente ama, dizer que ama, cuidar – no sentido estrito e mais rigoroso da palavra, seja do sentimento do outro ou do físico.

Porque quando chegar a hora de uma pessoa próxima e querida não haverá sombra de remorso para te assombrar.

Sim pois, a dor da morte vira saudades, mas a dor do remorso não passa nunca e te castiga até a sua finitude!!

Agora, vamos “viver” ! Com toda amplitude que esta palavra representa!

 

 

 

 

 

 

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