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Como fazer um bom drinque – e dar um show em sua própria casa

Para aprender a fazer bons drinques é preciso antes conhecer os ingredientes e suas combinações – assim como na química que podem resultar.

Segundo Derivam Ferreira de Souza, várias vezes campeão internacional de coquetelaria, os drinques podem ser:

estimulantes de apetite – aperitivos para antes da refeição;

digestivos – para serem degustados depois;

– nutritivos – os ricos em calorias;

refrescantes – com muito gelo, bebidas gaseificadas ou sucos;

estimulantes físicos – que aquecem o corpo e levam água – quente, destilados e condimentos.

Outros ingredientes – além das bebidas, outros elementos são essenciais para a boa coquetelaria. Procure manter-se sempre bem fornecido de:

  • sal;
  • pimenta do reino;
  • canela em pó;
  • azeitonas verdes;
  • cebolinha em conserva;
  • cerejas em calda ou ao marrasquino;
  • hortelã fresca;
  • molho inglês;
  • molho de pimenta vermelha;
  • frutas (abacaxi, laranja, maçã, limão);
  • noz moscada;
  • sucos ( laranja, limão, tomate, maracujá, caju);
  • salgadinhos para acompanhar.

Ok, até aqui falei muito dos elementos necessários e menos de como preparar e servir as bebidas. Mas, com o perdão do trocadilho, este foi só o aperitivo. Veja em um próximo post, as receitas dos drinques mais consumidos.

 

 

 

 




Tem hora que só bebendo…

Na impossibilidade de beber juntos por conta do Covid19 compartilho aqui uma parte da pesquisa que fiz preparando um novo projeto sobre o que se bebia no Brasil colonial e Imperial…

Água – nas casas mais ricas era apresentada com pompa em um grande copo comunitário sobre uma salva de prata. Em residências de “classe média” havia uma imensa talha colocada em um canto da sala com um preso ao cabo. Os moradores e/ou hóspedes serviam-se ali, conforme a necessidade. Entre o calor, os temperos apimentados e a doçaria mais carregada no açúcar, era natural que a preferência fosse por água – mais refrescante, saudável e acessível a todos.

Refresco Tropical – há relatos de um refresco feito com “água colhida das folhas de bromélias” técnica dominada pelos indígenas, que, acrescida de suco de limão, aguardente e açúcar resultava em um delicioso refresco. Sim, provavelmente esse foi o precursor da nossa Caipirinha…

Cachaça – usada apenas em dia de festas quando a ingestão em quantidades enormes, resultava em bebedeiras homéricas, gente “fora de si” etc. Os nativos a batizaram-na de “Bebida de fogo. Ou “Cauim tatá.”  Acrescida de mel, era usada como remédio contra tremedeiras e febre.

 

Caldo de cana – era mais consumido pelos escravos. Extraída da cana, a garapa, doce e refrescante proporcionava energia extra, assim como o mel.

Vinho africano – os escravos tomavam essa bebida produzida a partir da palmeira de dendê assim como uma infusão de sementes, sorgo e milhetos.

Cerveja Brasileira – a adesão do milho brasileiro permitiu a criação das primeiras cervejas artesanais ainda no Brasil colonial – e o sucesso foi tamanho que seu consumo chegou do Senegal ao Índico, segundo Câmara Cascudo.

Red wine glasses and wine bottles on a counter of a wine cellar

Vinho Português – nas mesas ricas e nos conventos ele reinava absoluto. Chegava da terrinha em pipas e era mais servido em recepções. Vinham do Porto e da Madeira e eram muito degustados em festas como Natal, Páscoa e outras recepções oficiais.

Limonada – além do efeito refrescante tinha a vantagem de facilitar a digestão de comidas mais gordurosas.

Água de Coco – foi incorporada ao cardápio principalmente por seu sabor delicado e também por ser bebida “desalterante” rebatendo os efeitos de vinho e aguardente. Além de alimentar e hidratar consideravelmente.

Five O’Clock Tea, by the American painter Mary Cassatt: Pinkies down, ladies!

Chá – a partir do século XIX, era tomado regularmente a noite, sempre servido em xícaras entre 20 e 22 horas.

 

Café – surgiu por volta do século XIX e foi incorporado ao café da manhã justamente para rebater eventuais goles de cachaça da véspera.

Taí! Nosso rico país, nosso Brasil inzoneiro com todas as suas formas de compartilhar um bom copo! Escolha a sua e vamos em frente!

Fonte _ “Essa Gente Brasileira” Mary del Priore




Pinga, cachaça, branquinha: conheça melhor a “marvada!”

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As diferenças aparecem em variáveis como cana, processo de produção, envelhecimento e teor alcóolico da bebida.

E conhecer um pouco desse processo pode ser o toque especial que você dá em um drinque, aperitivo ou mesmo na harmonização de petiscos e refeições.

O que dá cor a cachaça, por exemplo, é o contato com recipientes de madeira. A tonalidade pode ir de um palha claro até  âmbar escuro e o que define isso é uma equação que envolve o tamanho do tonel, tipo de madeira e tempo de armazenamento.

Entenda as diferenças para escolher melhor sua bebida:

Cachaça branca – pode ter passado por madeiras que alteram pouco a coloração da bebida. Em outros casos, a cachaça branca só “descansa” em tanques de inox.

Cachaça envelhecida – para receber esse nome, precisa ter ao menos 50% de uma cachaça que passou um ano ou mais em um tonel de, no máximo 700 litros. Em outras variações de tempo ou tamanho do tonel,  ela será chamada de armazenada.

Mais suaves – procure as que passam por envelhecimento em madeira. As gaúchas podem ser uma boa opção.

Mais intensas – são as que passam por madeiras como jatobá, angica e garimpeira – costumam ter personalidade mais intensa. As paraibanas são uma boa alternativa.

Aromáticas – cachaças com passagem em umburana –  podem lembrar baunilha. O bálsamo dá aromas de anis a castanheira faz lembrar caramelo e  o ipê dá um aroma frutado.

Drinks – prefira cachaças brancas para caipirinhas. As envelhecidas são indicadas para receitas clássicas que levam uísque ou conhaque.

Como harmonizar – frutos do mar, carnes brancas e peixes vão bem com cachaça branca gelada. Carnes vermelhas e pratos mais pesados combinam com cachaças de envelhecimento mais leve. Sobremesas são ideias com cachaça armazenada em amburana.

Fontes: Leandro Nagata, docente do curso de formação de sommelier em cachaça, do Senac e Mauricio Maia, professor e autor do site O Cachacier.