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Gafes da Claudia

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Relato aqui duas das minhas preferidas, com o finado e elegante Governador Claudio Lembo, em cuja gestão fui nomeada a convite de José Serra, que o sucedeu.

Rainha Elizabeth II – Visita a Campinas, São Paulo 1968 (foto: mre-gov.br)

O quarto da Rainha – em minha primeira visita ao Palácio, Claudio Lembo, gentilmente, fez questão de mostrar todas as dependências  do Bandeirantes.

Na ala Residencial, estávamos no dormitório em que pernoitou, na década de 60, a Rainha Elizabeth II do Reino Unido, até hoje chamado de “quarto da rainha”. Que poderia ser chamado “quarto do monge”, tal a frugalidade mobiliária.

Quando me falou que sua majestade havia ficado hospedada lá disparei:

“Credo Governador, a Rainha ficou aqui?! Mas parece um Ibis!” falei, referindo- me a cadeia de hotéis famosa pela sua simplicidade funcional.

Perplexo com a comparação ele perguntou espantado e divertido: “É muito grave?”

Acabamos rindo juntos, concordando que hoje, os quartos modernos dos Ibis saem ganhando disparado do quarto da Rainha.

Posse do Governador José Serra 2007 – Assembleia Legislativa (foto: Arquivo do Governo do Estado de São Paulo)

A 1ª Posse- Sorte de Principiante – minha primeira missão importante no Palácio dos Bandeirantes foi organizar a posse do Governador – que ocorre no dia 1 de janeiro.

Para os que organizam é um mico sem fim por um motivo técnico seríssimo: na véspera, há comemorações de grande porte por toda a cidade, estado e país – por conta do Réveillon e todo o tipo de serviço (montagem, som, iluminação, bufê, garçons, recepcionistas – tudo!) fica comprometido.

Durante a Posse tudo é importante: o discurso do Governador eleito, sua aparência, quem ele cumprimenta, encontra e/ou conversa. Quem está presente (e de quem notou-se a ausência) …

Sabendo da delicadeza da missão, pus-me a trabalhar focada no envio de convites, preparação etc. Estávamos no dia 26 de dezembro quando recebo um telefonema do Governador Lembo: “Você esqueceu de mandar um convite”

“Pode dizer Governador, quem faltou?”. Adrenalina a mil, pois diariamente recebíamos nomes de pessoas que não poderiam ser esquecidas. Levei um choque quando ouvi: “Eu. Até hoje não recebi nada”

Gafe! Aflitíssima consultei Dalva há 28 anos à frente do mailing do Cerimonial. Que respondeu calmíssima.

“Não cabe o Governador receber convite, ele está convidando para a festa do Governador eleito Serra, o evento é em sua Casa aqui no Palácio, não teria porquê receber…”

Consciente de que havia sido vítima de uma pegadinha, subi ao gabinete para apresentar o convite ao Governador .

Ele, por sua vez  examinou tudo longamente, elogiou papel, formato e cada detalhe do texto, sempre com um olhar meio travesso. “Gostei” – disse finalmente –  “pode mandar.”

Saí da sala atarantada: mandar para ele? Os demais haviam sido expedidos há semanas… Só no meio da noite – insone – entendi a mensagem. Lembo, a sua maneira elegante, me fez entender com toda sutileza que, com a correria, eu havia ignorado uma regra de cortesia básica: mostrar o convite ao dono da festa para sua aprovação…

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