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Socorro! Salvem as Alcunhas!

Valeska+Popozuda_claudiamatarazzo
Alcunhas ou apelidos descrevem em uma palavra como a pessoa é percebida pelos que a conhecem. No caso de artistas podem ser também um reflexo de como eles próprios gostariam de ser vistos – um complemento de seu “nome artístico”. Mas, também desvendam muito sobre o momento da sociedade ou comunidade em que vive o sujeito.

Na primeira metade do século 20, Billie Holliday era conhecida como “Lady Day” já, Marlene Dietrich era o “Anjo Azul”. Aqui no Brasil, Elizeth Cardoso era “a Divina” Claramente público e até os empresários da época jamais pensariam em colocar alcunhas que fossem menos que muito elogiosas – afinal todo mundo quer se identificar com o melhor certo?

Havia referências mais brejeiras como “a Sapoti” de Angela Maria, ou a “Pequena Notável” de Carmem Miranda. Mas eram sempre carinhosas. O tempo passou e surgiu Elis Regina “a Pimentinha” e, na Jovem Guarda, Wanderléa , em quem milhares de moças se espelhavam, era a ” Ternurinha”.

Hoje cantoras super populares e queridas respondem por “Popozuda“, (Waleska), “Quebra Barraco” (Tati) ou mesmo ” Mulher Filé” ( Yani de Simone). Claramente, mudou nossa percepção do que é bom, desejável, admirável. Beleza.

A tristeza é que, pelo jeito não se consegue entender como bom nada que esteja além da quebradeira, sabores e formas: temos também a Mulher Jaca, Cajú, Melancia, Pêra e Moranguinho
É isso mesmo ou desaprendemos de admirar e aspirar por algo um pouco além das óbvias e nem sempre sutis aparências?!