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Meu Vo(o) Apolinário ensina a voar sem asas

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Apolinario (51)

Hoje, graças a seu avô e com uma obra literária de 47 livros traduzida para dezenas de idiomas, ele está em paz com elas.

Entrevistei Daniel há cerca de 20 anos para meu programa da |TV Gazeta e lembro-me de ter me encantado com sua postura: um raríssimo um mix de humor e discrição.

indio Daniel Munduruku, na mata segurando arco e flechas, A foto é preto e branca, na cabeça ela usa o cocar indígena, um colar com dentes de animais e nos braços usa junto ao bícce

Daniel Munduruku

 

De origem Munduruku (povo de tradição guerreira do Vale dos Tapajós no Pará), Daniel ganhou prêmio Jabuti e da Academia Brasileira de Letras, é Comendador da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República e – mais importante  –  recebeu a menção honrosa do Prêmio de Literatura para Crianças e Jovens da Unesco – coisa de gente grande…

Acreditem : a montagem do texto de  Meu Vô Apolinário  é um presente que a Cidade de São Paulo ganha e é  imperdível por vários motivos.

O primeiro deles é que é o texto favorito do próprio Daniel, por ser emotivo e fruto de uma vivência real. “A partir da experiência com meu avô nasceu o livro e o escritor”, conta.

Um casal de amigos, que segundo ele, conhece culturas do mundo todo, serviu de inspiração: “Para eles os índios têm algo que falta ao brasileiro: a ancestralidade. Pensei sobre isso e descobri um bonito significado: raízes. Eles diziam que ser índio é ter raízes. Isso me fez buscar – na memória – minhas raízes ancestrais. Aí me lembrei de meu avô. Foi ele quem me ensinou a ser índio.”

A partir desta descoberta, Daniel Munduruku produziu uma obra com os ensinamentos transmitidos pelo avô.

Outro bom motivo para assistir ao espetáculo é que ele emociona e toca de perto – de forma sutil e fluida tanto crianças quanto adolescentes  o público mais difícil) e adultos, que podem, a partir daí, fazer uma refrescante reflexão

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A direção é de José Sebastião Maria de Souza, experiente produtor cultural e diretor  de mão cheia que, ao falar da peça faz referência a Dostoievsky: “você só é universal quando fala de sua própria aldeia”

“Este é um espetáculo que fala de Índios”. Por isso essa reflexão sobre origens, raiz, ancestralidade. Poderia ir além da aldeia Munduruku, e situar-se na Finlândia, Japão, França, Bahia ou Vila Nova Cachoeirinha. O texto de Daniel Munduruku nos ensina a ter orgulho de ser aquilo que a gente é simplesmente

O adolescente, narrador da história, sofre bulling, por sua origem indígena, e seu sofrimento diminui com a descoberta de uma sabedoria ancestral.

“A leveza da atuação de Wesley Leal, o menino ator-dançarino, e a personagem de um avô representado por J. Lopes Índio, na sinceridade discreta e rigorosa de sua encenação, transmitem a dimensão de uma história individual e universal.

Olgária Matos, filósofa e professora,  se encantou como eu. Veja seu comentário sobre a encenação: “Comovente em sua dignidade, esta narrativa confere uma força quase religiosa à transmissão de valores e experiências, re encantando o mundo em meio aos acelerados processos de sua despoetização”.

Tá esperando o que para ir e levar toda a família? Depois me conte. Pra completar, o horário é super conveniente – veja o serviço abaixo.

MeuVo(o)Apolinário_claudiamatarazzo

Serviço:

Meu Vo(o) Apolinário Sábados, 18horas; e domingos, às 16horas.

Duração: 60 minutos.

Indicação de faixa etária: Livre.

Local: Teatro Jaraguá (fica dentro do Novotel Jaraguá).

Endereço: Rua Martins Fontes, 71, Centro – São Paulo, SP. Tel: 11 3255-4380.

Preços:R$50,00(inteira) e R$25,00(Meia). http://www.mamberti.com.br/jaragua/emcartaz.htm.

 

 

 

 

 

 

 

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